domingo, 24 de novembro de 2013

Há esperança no final do túnel - Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro inaugura o primeiro polo de reciclagem do país.













Em abril do ano passado, foi fechado no estado do Rio de Janeiro o maior lixão da América Latina. O Lixão de Jardim Gramacho, que funcionava no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, à margem da Baía de Guanabara, sem licença ambiental, permitia que quase dois mil catadores trabalhassem no local, selecionando, em meio ao lixo, o material que seria vendido a indústrias de reciclagem.

Com o fim do aterro sanitário de Gramacho, as 8,5 mil toneladas de lixo da cidade do Rio de Janeiro passaram a ir para a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica. Mas, infelizmente, apesar do novo aterro e das promessas de inclusão feitas aos catadores, na época do encerramento do lixão, não havia muito que comemorar, pois todo o lixo que costumava ir para o Jardim Gramacho, passou a ir para baixo da terra, já que em Seropédica, um aterro com licença ambiental, mas sem um projeto de triagem, tudo o que poderia ser reciclável ou reutilizado é enterrado.

Mas, finalmente, dia 22 de novembro, com a inauguração do primeiro pólo de reciclagem do país, com dois galpões voltados para o recebimento, triagem, enfardamento e estocagem de resíduos para venda, parece que começa a se concretizar uma das promessas feitas aos catadores na ocasião do fechamento do Jardim Gramacho, a inclusão e capacitação destes profissionais em centros de triagem.

Esperamos que esta iniciativa venha inspirar outros estados a realizar ações semelhantes, ambientalmente corretas e que incluam os catadores de materiais recicláveis, conforme o que exige a Política Nacional de Resíduos Sólidos.



SECRETARIA DO AMBIENTE INAUGURA PRIMEIRO POLO DE RECICLAGEM DO BRASIL
 » Flor Jacq
Catadores do antigo lixão de Gramacho começam a trabalhar com o uso de acessórios de proteção e máquinas modernas, dando início a uma nova fase profissional

A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) inaugurou nesta sexta-feira (22/11) em Jardim Gramacho, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o primeiro polo de reciclagem do país. Estruturado com dois galpões, voltados para recebimento, triagem, enfardamento e estocagem de resíduos para venda, o polo empregará inicialmente 110 catadores, podendo chegar a 500. O secretário estadual do ambiente, Carlos Minc, e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fizeram a entrega das chaves aos catadores.


A criação do polo de reciclagem foi uma das demandas apresentadas pelos catadores depois do fechamento do antigo lixão de Gramacho, em 2012. O projeto começou a virar realidade com a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no qual a SEA determinou que a Petrobras investisse R$ 3,5 milhões para instalação do empreendimento, com maquinário - esteiras, moinho de PET e compactadores. Os galpões foram construídos em um terreno de 4,20 hectares em Jardim Gramacho, cedido por 20 anos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).


Durante a inauguração do Polo de Reciclagem de Gramacho, que será administrado por uma rede de cooperativas - Cooperjardim, Coopercaxias, Coopergramacho, Coopercamjg e a Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano de Gramacho – Minc entregou para Tião Santos - representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis no Rio (MNCR) - a licença do empreendimento, emitida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e avisou que, em breve, as cooperativas não precisarão mais de licença, desde que respeitadas as normas ambientais. Minc anunciou também o encerramento dos trabalhos no aterro de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.


“Catar lixo sem luvas e botas, correndo o risco de se cortar, furar o pé com pregos, em meio aos porcos e urubus: isso é degradação humana. Estamos acabando com todos os lixões do estado. Já fechamos todos no entorno da Baía de Guanabara. O lixão de Gericinó será o próximo a ter os trabalhos encerrados e os seus catadores receberão, no mínimo, o mesmo tratamento que os de Gramacho: capacitação, ressarcimento e a criação de um polo de reciclagem”, disse o secretário.


Quando concluídas as obras, além dos dois galpões entregues hoje, o Polo de Reciclagem de Gramacho contará com uma creche, duas unidades de processamento e transformação de resíduos, um centro administrativo e de formação - com auditório, escritórios, salas de aula e refeitório -, cinco unidades de triagem, um galpão central para estoque e retirada de materiais para venda, além de uma área de lazer.


O ministro Gilberto Carvalho destacou o aspecto social das ações ambientais: “O Brasil é um país onde o Estado foi montado para servir a uma elite, mas isso está mudando, e são momentos como este que fazem valer todo sacrifício e os sapos que a gente tem que engolir. O Polo de Reciclagem de Gramacho será referência para todo Brasil!”. Carvalho se comprometeu em falar com empresas estatais e com a UFRJ para doarem seus resíduos recicláveis para o polo, que hoje está recebendo o material apenas da Reduc.


Presidente do Conselho de Lideranças de Gramacho e representante do MNCR, no Rio, Tião Santos, muito emocionado, falou sobre sua infância no lixão, sobre o seu inconformismo com as condições de trabalho dos catadores e comemorou a conquista do polo. Mas alertou que ainda faltam alguns passos para que os moradores de Jardim Gramacho tenham sua dignidade e qualidade de vida resgatadas.


“Se eu tivesse aceitado aquela realidade hoje eu não estaria aqui. Essa vitória é nossa, da nossa organização, mas temos que avançar na criação de empregos, na qualificação das cooperativas e trazer para esse bairro lazer, cultura e todos os benefícios sociais que um cidadão merece”, disse Tião.


Em 2012, quando o aterro de Gramacho foi fechado, a Secretaria do Ambiente assumiu um compromisso com os catadores de buscar parcerias governamentais e não governamentais para criar alternativas de geração de renda - para aqueles que queriam parar com a atividade -, e para capacitar as cooperativas que atuam no mercado de recicláveis.


Um dos resultados desses encontros foi a parceria firmada entre a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e a Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego (Senaes/MTE), para a execução do projeto Inclusão Socioprodutiva dos Catadores e Catadoras do Rio de Janeiro.


Coordenada pelo Pangea – Centro de Estudos Socioambientais, a iniciativa tem duração de 36 meses e vem mobilizando cerca de 2.000 catadores de 41 municípios de seis regiões do estado. O objetivo é que as cooperativas sejam contratadas pelas prefeituras e os grandes geradores e para isso projeto oferece assistência técnica, jurídica e comercial a 50 cooperativas; vem estimulando a criação de seis redes de cooperativas (uma em cada região) para maximizar o potencial produtivo e econômico da cadeia da reciclagem; além de avaliar e monitorar todas as ações voltadas aos catadores.


“A ideia é garantir autonomia em relação aos atravessadores e relação direta com o mercado. Aqui será feita a triagem de diversos materiais, principalmente de eletroeletrônicos”, disse Antonio Bunchaft, presidente do Pangea.


Situada às margens da Baía de Guanabara, o Aterro Metropolitano de Gramacho recebia, diariamente, cerca de 11 mil toneladas de resíduos  vindos do Rio de Janeiro e de outros municípios da Baixada Fluminense.


Com a inauguração do Polo de Reciclagem de Gramacho os catadores do antigo lixão de Gramacho entram em uma nova era de sua vida profissional, trabalhando em condições dignas e com máquinas modernas.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Bons exemplos não faltam, porque será que não avançamos?

Segundo a Associação Nacional para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo),  o encaminhamento de óleo vegetal usado para postos de reciclagem está gerando renda para 1,8 mil trabalhadores em todo o país. 

São vários os projetos que estão funcionando em vários municípios brasileiros e trazendo resultados positivos para a natureza, a economia e a qualidade de vida. 

Hoje, aqui no nosso blog, estamos disponibilizando (abaixo) duas reportagens que contam resumidamente a história de dois projetos mais recentes. Um deles está sendo desenvolvido pelo poder público e o outro através de um projeto de responsabilidade social de uma grande empresa que busca estimular o empreendedorismo em mulheres. 

Rio de Janeiro lança programa de reciclagem de óleo em escolas públicas

Estimular a reciclagem do óleo de cozinha para o uso como matéria-prima na produção de sabão e de fontes de energia alternativas, como o biodiesel. Esse é o objetivo das medidas de reciclagem e de sustentabilidade ambiental previstas no Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais (Prove), adotadas a partir de segunda-feira, 18 de novembro, por escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro.


O lançamento da iniciativa foi realizado no Colégio Estadual Brigadeiro Schorcth, no bairro da Taquara, zona oeste da capital fluminense. Ao todo, dez escolas participarão da primeira fase do projeto. Cada uma delas receberá uma unidade ambiental para recolhimento do óleo, chamadas de ecoponto. Nesses locais, os cidadãos poderão entregar o óleo que já foi utilizado, além de tirar dúvidas sobre reciclagem e produção de fontes alternativas de energia, informou a Agência Brasil.




Óleo de cozinha usado gera sabonetes, renda e orgulho na Cidade de Deus
Alessandre Mansur
A Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, ganhou novas cores e aromas. Um grupo de mulheres da comunidade passou a produzir sabonetes artesanais a partir de óleo de cozinha usado. O óleo poluidor deixou de entupir os ralos do bairro. O resíduo é coletado e reprocessado para servir de matéria prima para os produtos de limpeza. E as famílias ganharam uma nova fonte de renda e orgulho. Bom para o meio ambiente e para o meio social. O Projeto Bolhas Coloridas é uma boa ideia que também pode ser replicada em outras regiões do país.

O projeto surgiu em 2011 por meio do programa Ellas em Movimento, da Chevron, que busca justamente estimular o espírito empreendedor em mulheres. Um grupo de mulheres de Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, recebeu cursos de conhecimento geral, empreendedorismo, direitos humanos, marketing, finanças e direitos femininos e ainda um financiamento inicial para estruturar o negócio. “Depois de muita pesquisa de mercado e diálogos, idealizamos e planejamos um empreendimento que pudesse produzir melhorias para comunidade e gerar renda, e assim surgiu a ideia de reciclar o óleo usado de cozinha e criar o Bolhas Coloridas”, afirma Natasha Firmino, uma das sócias.
Os moradores e comerciantes de Cidade de Deus e região vizinhas doam os resíduos de óleo para o projeto Bolhas Coloridas. Atualmente, o Bolhas oferece produtos de limpeza em troca de óleo usado de cozinha para os comerciantes locais se cadastrarem no projeto.“Para estes moradores, é mais vantajoso doar o óleo usado de cozinha, ao invés despejá-lo em locais inapropriados, porque hoje reconhecem que por meio desta ação evitam a poluição do meio ambiente, ajudam a restauração do rio local e melhoram as condições de vida de todos”, afirma Míriam Soares, também sócia do Bolhas Coloridas.

O projeto é uma solução ambiental e social."É uma solução ambiental, porque reduz a quantidade de óleo de cozinha jogada diretamente no meio ambiente e social, porque gera emprego e renda para os moradores de Cidade de Deus", diz a jornalista Gabriela Mafort, consultora da empresa TuddoD/Social. Gabriela e sua colega Kelly Nascimento estão ajudando a estruturar melhor o projeto. Cerca de 300 litros de óleo são aproveitados por mês, na fabricação de cerca de 1200 mil sabões. Isso sem contar outros produtos como detergentes e sabões pastosos.

As mulheres que produzem os sabonetes também consomem os produtos. "Elas usam os produtos e inclusive divulgam os resultados com base em suas próprias experiências", diz Gabriela. O objetivo é conscientizar a população sobre os danos causados pelo óleo usado de cozinha , seu mau manuseio e a importância do reaproveitamento e de se comercializar produtos ecológicos, dentro da comunidade e fora delas. São fabricados kits especiais para presentes e eventos, sabão líquido e pastoso e encomendas para empresas.

Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2013/08/oleo-de-cozinha-usado-gera-bsabonetes-renda-e-orgulho-na-cidade-de-deusb.html


Aqui em Rondonópolis, em outubro, o vereador Hussein Daoud, após visita a um projeto de Brasilia, conseguiu a aprovação da Câmara Municipal de um projeto de lei que institui no município o programa de tratamento e reciclagem de óleo.

Assim, já temos um projeto de lei aprovado e bons exemplos que podem servir de  referência, novamente fico pensando.....o que será que está faltando?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Vários empresários de Rondonópolis já perceberam a importância de implantar a gestão de resíduos dentro de seus negócios

A cada dia que passa, mais e mais empresários de Rondonópolis percebem que com o gerenciamento adequado dos resíduos produzidos por suas empresas podem fazer a diferença nos seus negócios, tornando a empresa mais rentável, mais competitiva, além de mais saudável.

Assim,  cresce o número de telefonemas que recebemos de gestores e proprietários de empresas em busca de  data e horário para o agendamento da ação - "Despertando a consciência Cidadã para a Coleta Seletiva" .

Esta  ação é desenvolvida através da apresentação de uma palestra cujo objetivo é mostrar  os graves problemas causados pelo descarte incorreto do lixo, incentivar  a prática dos 3 Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar, como também ensinar como fazer a correta separação dos resíduos domésticos.

Como as outras ações do movimento, está  ação é realizada voluntariamente, apenas sugerimos as empresas uma contribuição em forma de cestas básicas que posteriormente são doadas e sorteadas entre os catadores da Coopercicla.

Semana passada fizemos a palestra em duas empresas: Estãncia Celeiro e na Novanis. A Estância Celeiro já envia para a Cooperativa Coopercicla todas as caixas de papel utilizadas para distribuição de seus produtos e a empresa Novanis acaba de lançar um projeto que visa enviar para a Coopercicla não só os resíduos passíveis de reciclagem gerados na empresa como também os resíduos domésticos de seus funcionários.  Para isto, a empresa vai disponibilizar pontos de coleta voluntária dentro da organização onde os funcionários poderão descartar os resíduos previamente separados.  
Em Rondonópolis, esta é a segunda empresa a encarrar este desafio de gerir não só os resíduos da empresa como também os resíduos domésticos de seus funcionários. A pioneira neste tipo de projeto  (coleta de resíduos da empresa e dos funcionários com entrega para a Coopercicla) é a empresa Iguaçu Máquinas que institui o projeto em 2011.




Palestra funcionários NOVANIS

NOVANIS

Palestra Estância Celeiro

Estância Celeiro

Vejam só a alegria do pessoal da Coopercicla que foram sorteados e receberam as cestas básicas da Novanis e a carne da Estância Celeiro

Descarregando as doações na Coopercicla

Sorteando as cestas básicas e a carne
Dona Darcy foi a primeira a ser soreada






Logo em seguida Sr. José

Anísia e Cida também ganharam carne

Outra cesta básica, agora para Lúcia

Maria José também ganhou uma cesta







quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Algumas fotos do III Seminário de Resíduos Sólidos de Mato Grosso


Palestra Dra. Marcela Monteiro Dória - Procuradora do Ministério Público do Trabalho e Coordenadora do Fórum do Mato-Grossense de Lixo e Cidadania

Luciana Costa de Freitas - Mercado de Crédito de Logística Reversa - BV RIO

Apresentação dos banners: MOVIMENTO UNIÃO CIDADÃ RECICLA RONDONÓPOLIS: PROMOVENDO O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL e IFMT SUSTENTÁVEL: A COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA NO PROCESSO INTERDISCIPLINAR DE ENSINO DO CAMPUS RONDONÓPOLIS


Gestão de Resíduos da Construção Civil - Sr. Roberto Matosinhos - Sinduscon/MG

Legislação aplicada ao licenciamento ambiental de aterro sanitários em Mato Grosso - Ricardo de Souza Carneiro/SEMA

O Estado da Arte da educação ambiental voltada ao Tema Resíduos Sólidos - Vânia Márcia Montalvão Guedes Cesar - SEMA

Mesa Redonda: Economia Solidária e Resíduos sólidos. Prof. Dr. Sandro Sguarezi - UNEMAT/Tangará da Serra e Msc Clóvis Vailant - Diretor de Economia Solidária da Redi Unitrabalho e Coordenador da REINESCO

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Compartilhando o que vimos no III Seminário de Resíduos Sólidos: Perspectiva sócio-ambientais e a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Participamos na semana passada, nos dias 06 e 07 de novembro, do 3º. Seminário de Resíduos Sólidos – Perspectiva Sócio-ambientais e a Política Nacional de Resíduos Sólidos que aconteceu no Auditório da Associação Mato-Grossense dos Municípios. O evento foi uma iniciativa da Coordenadoria de Resíduos Sólidos da Superintendência de Infraestrutura, Mineração, Indústria e Serviços da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

Além das palestras, também foram apresentados, em forma de pôsters, trabalhos acadêmicos de instituições de ensino superior, de pesquisadores e outros profissionais com interesse nesta temática e que desenvolveram pesquisas, experiências inovadoras, estudos ou boas práticas voltados para os seguintes eixos temáticos: Gestão de Resíduos Sólidos, Catadores de Materiais Recicláveis; Ciência, tecnologia, Sociedade e Sustentabilidade.

Ficamos muito orgulhosos, pois apesar do nosso município ainda não ter plano de saneamento ambiental e muito menos plano de gestão resíduos sólidos, três trabalhos desenvolvidos em Rondonópolis foram selecionados para apresentação e publicação no CD do evento. Foram eles:
- Movimento União Cidadã Recicla Rondonópolis: Promovendo o Exercício da Cidadania e a Conscientização Ambiental – autora: Ana Paula Beer – Movimento União Cidadã Recicla Rondonópolis
- IFMT Sustentável: A Coleta Seletiva Solidária no Processo Interdisciplinar de Ensino do Campus Rondonópolis – autora: Arlete Fonseca de Oliveira – IFMT/ campus Rondonópolis;
- Oficinas de Sensibilização Ambiental Desenvolvidas pelo Curso de Engenharia Agrícola Ambiental da UFMT nas Escolas Públicas de Ensino Médio de Rondonópolis – MT. Autores: Ozaki, S.K.; Nogueira, J.S.; Lima e Silva, P.C.; Soares, D.C.; Zanetoni, H.H.R. e Santos, K.B. - Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas. Engenharia Agrícola e Ambiental.

Abaixo estou disponibilizando o folder com a programação do seminário e ao lê-lo vocês poderão perceber que as palestras apresentadas buscaram oferecer uma visão do cenário da gestão de resíduos sólidos no Mato Grosso, como também projetos com inclusão dos catadores na cadeia da reciclagem e novas tecnologias de manejo de resíduos sólidos.

Confesso que durante os dois dias de evento meus sentimentos, em relação a aplicação da PNRS no Mato Grosso, variaram do entusiasmo a decepção. Digo isto, porque tivemos palestrantes que nos trouxeram boas notícias relacionadas a projetos de inovação, pesquisa e investimento em tecnologias voltadas para a implantação dos princípios da Lei 12305/2010, como também a apresentação de pesquisas científicas embasadas em dados técnicos que comprovam o quanto nossos municípios estão atrasados, tanto no cumprimento e aplicação da legislação aplicada ao licenciamento ambiental de aterros sanitários, como também na execução dos planos de saneamento básico e do plano de gestão de resíduos sólidos. Só para vocês terem uma ideia, segundo pesquisa apresentada pelo palestrante Ricardo de Souza Carneiro – Analista Ambiental da SEMA- MT, “apenas 20 municípios de Mato Grosso possuem ou possuíram aterros sanitários com Licença de Operação, o que representa apenas 14% de um total de 141 municípios. Entretanto, destes 20 municípios, apenas dez encontram-se em situação regular”.
Além disto, acreditava que os gestores públicos, prefeitos, secretários ou seus representantes estariam presentes neste evento, já que o mesmo trazia uma série de oportunidades de aprendizado, principalmente para aqueles que têm a obrigação de elaborar os “Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos”, entretanto isto não aconteceu. A participação de gestores públicos foi muito pequena e não consegui encontrar nenhum gestor público ou representante de Rondonópolis.

De qualquer forma, quem participou do evento, com certeza conseguiu agregar novos conhecimentos, obtidos não só com apresentação das palestras e banners mas, também através da troca de experiências e pela oportunidade de conhecer pessoas e instituições tanto públicas como privadas que estão lutando pela implantação de serviços de saneamento, gestão de resíduos sólidos e inclusão dos catadores no Mato Grosso como caminho para a sustentabilidade.

Para dar uma “palhinha” aos nossos leitores do que foi apresentado no seminário faço abaixo um pequeno resumo das palestras que mais chamaram a minha atenção.

Sobre a inclusão dos catadores no processo de gestão de resíduos, vale destacar, a palestra e o trabalho desenvolvido pela Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Dra. Marcela Monteiro Dória, que assumiu desde agosto do ano passado, a coordenação do Fórum Lixo e Cidadania de Mato Grosso e que vem fazendo um trabalho contínuo em busca do reconhecimento da relevância social do trabalho dos catadores e de sua dignificação, como também a defesa da contratação destes trabalhadores pelas prefeituras.

Outra trabalho importante na luta pela inclusão dos catadores é o desenvolvido pelo professor Dr. Sandro Sguarezi – Unemat Tangará da Serra que participou do evento com a palestra – Economia Solidária e Responsabilidade empresarial e inclusão sócio produtiva na PNRS e da Mesa redonda com o Msc. Clóvis Vailant – Diretor de Economia Solidária da Rede UNITRABALHO, cujo tema era Economia Solidária. Através de um projeto elaborado pela equipe da Incubadora de Organizações Coletivas Autogeridas Solidárias e Sustentáveis da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, sob coordenação do professor Sandro Sguarezi, foi formada a Rede CATAMATO, união de três cooperativas de Mato Grosso( a Coopertan (da cidade de Tangará da Serra), a Asscavag (de Várzea Grande) e a Coopchmar (de Chapada dos Guimarães). Este projeto busca mobilizar os catadores e estimular sua organização em cooperativas e associações, fortalecendo sua autonomia para gerir e atuar nas diferentes etapas da cadeia produtiva de recicláveis. Além disto, através do trabalho em rede, o projeto visa criar condições de operar a coleta seletiva solidária nos municípios, com apoio e pagamento pelas prefeituras, bem como estruturar a comercialização conjunta e a busca de novos mercados para os produtos recicláveis, coletados, triados e tratados pelos catadores em suas organizações. Segundo os palestrantes o projeto já recebeu a aprovação de recursos da Fundação Banco do Brasil, Petrobras, BNDES, e SENAES para aquisição de três caminhões que permitirão incrementar o desempenho da Rede.

Como projeto inovador, gostaria de destacar, a apresentação da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, feita pela sra. Luciana Costa de Freitas. A BV Rio é uma bolsa de valores ambientais nacional, cujo objetivo é prover soluções de mercado para auxiliar no cumprimento de leis ambientais e que criou uma plataforma virtual de negociação de créditos de logística reversa para empresas e catadores de todo o Brasil. O sistema é semelhante a outros mecanismos da bolsa carioca, com transações com pneus e créditos de reserva ambiental. Segundo a palestrante as cooperativas de todo Brasil poderão se cadastrar na plataforma e a partir do registro de suas atividades, poderão negociar os créditos gerados pelo seu trabalho, isto é, a cada tonelada de material triado e vendido para a cadeia de reciclagem, a cooperativa de catadores receberá um crédito. Os créditos de Logística Reversa dos Catadores (CLRs) poderão ser comprados por empresas para cumprirem com sua responsabilidade pela logística reversa das embalagens pós-consumo.

Esta iniciativa é uma parceria entre a BVRio e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e com ela qualquer empresa poderá cumprir a obrigação da Logística Reversa. Além disto, o sistema traz uma série de vantagens, para os catadores, já que criam uma receita adicional à venda do material físico, aumentando a renda destas pessoas. Adicionalmente, incentivam a formalização e a capacitação das cooperativas de todo país, promovendo o seu desenvolvimento e emancipação econômica, e o seu reconhecimento como efetivos agentes ambientais.

Para finalizar, outro palestra interessante foi a do sr. Roberto Matosinhos, assessor técnico do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon- MG). O sr. Roberto apresentou o trabalho que o Sinduscon vem realizando na área de educação ambiental e boas práticas no gerenciamento de resíduos e na gestão ambiental que estão sendo aplicadas no canteiro de obras, com foco na sustentabilidade. Ressaltou que as construtoras de Belo Horizonte já entenderam que o gerenciamento adequado dos resíduos produzidos nos canteiros de obras, incluindo a sua redução, reutilização e reciclagem, além de se configurar em atitude de responsabilidade ambiental, torna o processo construtivo mais rentável e competitivo.
Também salientou que Belo Horizonte avançou no que tange a questão de gestão de resíduos a partir da aprovação da Lei 10.522/12 que instituiu o “Sistema de Gestão Sustentável de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos – SGRCC e o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos da Construção Civil (PMRCC) e Resíduos Volumosos” .
Fazendo a sua parte, a prefeitura de Belo Horizonte oferece para a população Estações de Reciclagem de Entulho e Ecopontos para o descarte gratuito de entulho.
Nas Estações de Reciclagem de Entulho os resíduos da construção civil são transformados em agregados reciclados, podendo substituir a brita e a areia utilizadas em elementos da construção civil que não tenham função estrutural.
Os Ecopontos foram construídos em vários locais da cidade, cercados e monitorados, também fizeram a inclusão dos carroceiros no processo, inclusive com programas e projetos que contemplam a educação no trânsito e cuidados com os cavalos.
Enfim, o sr. Roberto, mostrou que quando o poder público e os empresários fazem a sua parte de forma conjunta é possível se estabelecer projetos que impulsionam o desenvolvimento sustentável em nosso país.