domingo, 9 de março de 2014

SEGUNDO A CHARGE, DEPOIS DA GREVE O GARI VIRA GENTE. E O CATADOR DE MATERIAL RECICLÁVEL, QUANDO SERÁ CONSIDERADO GENTE?

Com a greve dos garis no Rio de Janeiro, esta charge rodou nas páginas do Facebook. Uma grande verdade! Afinal,  só quando a população ficou sem o serviço de coleta de lixo é que se conscientizaram do importante e imprescindível trabalho dos Garis.
 Mas, a charge me levou a refletir sobre um outro sujeito que também é invisível para nossa sociedade e que vêm há muitos anos prestando um grande serviço de limpeza, não só para o meio-ambiente, mas também para toda a população, os catadores de material reciclável, estas pessoas que trabalham, sob sol ou chuva, tanto nas ruas das cidades como também  nos inúmeros lixões espalhados pelo Brasil.
E fiquei me perguntando, o que eles podem fazer para sair da invisibilidade? 
A mesma estratégia dos garis, isto é fazer greve, com certeza não daria resultado, já que a população ainda nem percebe os grandes problemas que enfrentamos (liberação de gases efeito estufa, poluição das águas subterrâneas, contaminação do solo, etc..) provocados pelo descarte inadequado do nosso lixo em lixões ou aterros controlados e se não tem nem esta consciência, como vai perceber a importância do trabalho do catador?
Os catadores de materiais recicláveis são discriminados social e culturalmente, afinal trabalham com e no lixo. Local este, que na sociedade consumista, é o lugar do que é excluído, descartado, rejeitado. Só para exemplificar é comum ouvirmos a seguinte discurso dos catadores “muitas vezes somos tratados como se fossemos o próprio lixo e isso machuca muito”.
Fora tudo isto, há um preconceito interno do próprio catador para consigo, muitos não se declaram catadores, pois tem medo de serem considerados sujos, inferiores, pessoas que vivem no submundo. Não querem ser confundidos com a imagem negativa ligada ao universo do álcool, das drogas e de crimes.
Apesar da Lei 12305/2010 (PNRS) que propõem a inclusão dos catadores,  das lutas e manifestações do Movimento Nacional dos Catadores na defesa destes indivíduos, é preciso muito mais para que os catadores de materiais recicláveis possam sair desta zona invisível e serem reconhecidos como trabalhadores, que exercem uma profissão como qualquer outra.
É claro que o poder público precisa fazer a sua parte, conforme prevê a lei, mas eu acredito, que neste processo de reconhecimento dos catadores, a nossa postura individual é fundamental.  Poderíamos ajudar muito,  a partir de um pequeno gesto,  da nossa mudança de postura diante do nosso lixo. Cada um pode e deve ter maior cuidado com o descarte de seu lixo, e se educar para a ação de separação dos resíduos em nossas casas e no nosso trabalho. Se conseguirmos fazer esta mudança, já estaremos ajudando bastante. 



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